Um segundo ponto importante é que o emaranhamento fornece a peça chave para compreender como um ‘mundo clássico’ pode ‘emergir’ dentro do quadro conceitual da mecânica quântica. Por ‘mundo clássico’ nós queremos dizer a teia de regularidades empíricas que constituem a nossa ‘experiência macroscópica’. O quadro conceitual que nós usamos em nossa experiência cotidiana se mostra inadequada para lidar com fenômenos quânticos (ver dualidade onda-partícula). Ainda assim, como mostrado na seção sobre origens, devido ao isolamento ruim dos sistemas macroscópicos, a mecânica quântica e nossa visão comum acerca dos gatos podem coexistir sem contradição.
Fora implicações fundamentais, o emaranhamento controlado de sistemas atômicos e ‘mesoscópicos’ pode levar a desenvolvimentos impressionantes na ciência da computação. Em princípio, os protocolos quânticos para o processamento de informação são muito mais eficientes que aqueles utilizados por computadores comuns. De fato, bits clássicos podem somente trocar entre dois estados individuais e trabalham ‘em série’. Bits quânticos, pelo contrário, podem formar estados emaranhados imensos e assim trabalhar ‘em paralelo’. Computadores quânticos são, da mesma forma, expostos ao efeitos parasíticos que crescem exponencialmente com a dissipação. Para que consigam funcionar, eles precisam de um isolamento perfeito do meio-ambiente (numa extensão que está além do alcance da tecnologia atual).
De modo mais geral, a habilidade de manipular o estado quântico de sistemas mesoscópicos, como moléculas biológicas, por exemplo, pode levar a novas aplicações inesperadas.