Cada termo dessa combinação linear representa um possível resultado da medição conjunta de Ω. Ou nós encontramos α para partícula 1 e β para partícula 2 (primeiro termo); ou nós encontramos β para partícula 1 e α para partícula 2 (segundo termo). Entretanto, se nós estivermos lidando com partículas quânticas, suas identidades implicam a indiscernibilidade, o que significa que a permutação de partículas não deve produzir nenhum efeito observável. As probabilidades derivadas de seu estado global deve assim ser invariante sob uma mudança de etiqueta (ver a discussão sobre o princípio de indiscernibilidade). Impondo essa restrição sobre o estado (1) nós obtemos apenas dois estados possíveis (emaranhados):
Partículas que se comportam como previsto por estados simétricos (como (2)) são chamadas de bósons. Partículas cujo comportamento é descrito por estados anti-simétricos (como (3)) são chamadas de férmions. É importante enfatizar que, quando se considera situações físicas reais, a condição de simetria deve considerar todos os graus de liberdade que entram na definição do estado quântico das partículas: posição, spin, etc. Isso significa que, por exemplo, dois férmions podem ter uma função de onda simétrica , desde que seu estado de spin seja anti-simétrico (já que neste caso o estado quântico global , obtido ao se combinar as componentes espaciais e de spin, é de fato anti-simétrico).
O princípio de exclusão para férmions segue diretamente da equação (3). Para que dois férmions sejam encontrados no mesmo estado individual, deve se ter:
na equação (3). Mas isso implicaria que o estado global para duas partículas é o vetor nulo, o que não é permitido dentro do formalismo quântico (não é possível derivar probabilidades de tal vetor de estado, já que este não é um vetor unitário!).
Vamos agora nos focar nos graus de liberdade espaciais. Este é um exemplo de funções de onda simétrica e anti-simétrica:
Dado um sistema de duas partículas descrito por essas funções de onda, é interessante perguntar qual é a probabilidade de encontrar as duas partículas próximas entre si. Para responder essa questão, nós devemos desenvolver as eqs. (4) e (5) para o caso no qual as coordenadas espaciais para as duas partículas têm quase o mesmo valor: Neste caso
.
Usando essa identidade nas equações (4) e (5) nós obtemos:
Nós podemos comparar esses resultados com o caso das partículas distinguíveis, para as quais:
Nós vemos que no caso de função de onda simétrica, a probabilidade de encontrar as partículas próximas entre si é aumentada, enquanto é essencialmente zero no caso de uma função de onda anti-simétrica. No caso anterior as partículas se comportam como se elas gostassem de ficar juntas, e no caso posterior como se elas se repelissem. Esse fenômeno está conectado às forças de troca discutidas na seção sobre evidência experimental.